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Valentine Verhaeghe
Vanderlei Lucentini
William Anastasi |
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Nos últimos
dias de outubro de 2012, eu estava em Nova Iorque com a minha
querida amiga Nina Colosi - fundadora e curadora do Streaming
Museum - quando subitamente tive a ideia de fazermos juntos um
novo projeto. Ele deveria ser algo planetário, que pudesse
juntar artistas, fotógrafos, músicos, cineastas,
poetas, filósofos de todo o mundo.
Imediatamente, veio à minha mente O Fim do Mundo.
É possível que essa ideia passe a ser percebida,
no futuro, como algo absurdo. A verdade é que o quadro
de depressão mundial negado insistentemente pelos mais
variados governos, da sombra da guerra, do anti-semitismo, dos
mais variados tipos de preconceitos, de muitas vezes assistirmos
a ignorância e a superficialidade elevados a padrão
de "bom comportamento", para além do híper
consumo contínuo e entretenimento de todas as espécies,
gerou uma sensação quase mística sobre um
possível fim do mundo.
A isso, soma-se o Calendário Maia que terá estabelecido
para o dia 21 de dezembro de 2012 a data fatídica de um
certo tipo de civilização ou, segundo os mais pessimistas,
para tudo o que é humano.
Esse zeitgeist poderia ser facilmente identificado na Internet
e até mesmo em jornais ou revistas. Em dezembro de 2012
uma simples busca no Google sobre a expressão "Fim
do Mundo 2012" gerava dois bilhões e meio de referências
em 0,36 segundos.
Nina Colosi, eu e muitas pessoas que conhecemos, não estamos
interessados em julgamentos de valor.
Mas, a simples frase O Fim do Mundo poderia despertar todo o
tipo de reações de personalidades criativas em
todo o mundo.
Combinamos que o projeto seria lançado no dia 21 de dezembro
de 2012.
Havia, portanto, muito pouco tempo para todas as preparações.
Enviei convites para mais de uma centena de artistas, fotógrafos,
músicos, cineastas, poetas e filósofos em diversos
países. A condição fundamental foi a da
total liberdade. Eu não sabia o que me enviariam, e não
disse uma única palavra sobre o que poderia ser O Fim
do Mundo.
Afinal, O Fim do Mundo tanto poderia ser um lugar, uma finalidade,
uma transformação, a negação de qualquer
transformação, a profecia Maia entre outras, ou
qualquer outra coisa.
Rapidamente, recebi a resposta entusiástica de setenta
e uma personalidades de onze países: Bélgica, Brasil,
Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Japão,
Nova Zelândia, Portugal, Romênia e Suíça.
Inicialmente, a ideia era montar todo esse material utilizando
princípios estocásticos, sem uma intenção
de conteúdo. Depois, resolvi fazer, para além disso,
separadamente uma espécie de apresentação
individual dos trabalhos.
Antes de começar a receber as colaborações,
compus um concerto ao qual dei o nome de O Fim do Mundo. Operando,
num certo sentido, como o antigo deus romano Jano, a peça
musical tem duas partes, que podem ser executadas em simultâneo
ou separadamente. A primeira parte opera vários aparelhos
de televisão, com canais selecionados aleatoriamente.
O percurso entre os diversos canais segue um diagrama traçado
a partir do mapeamento de satélites e objetos em órbita
do planeta Terra. A segunda parte do concerto opera seleções
dos hits de música popular ao longo dos últimos
dez anos - entre 2002 e 2012 - em diversos países, como
os Estados Unidos, a Itália, o Brasil, Israel, Coreia
do Sul, Japão, Rússia, França, Alemanha
ou Austrália entre outros. O percurso entre essas seleções,
tal como na primeira parte, também segue um diagrama traçado
a partir do mesmo mapeamento de elementos flutuando em órbita
da Terra. Essa peça musical funcionou como uma espécie
de continuum sob todas as cenas.
A montagem de todos os trabalhos recebidos dos diversos países
obedeceu a alguns princípios: primeiramente, a ordem alfabética
dos seus autores e, em seguida, uma distribuição
segundo o sistema numérico vigesimal, que caracterizou
a formulação do calendário Maia. A partir
daí, elementos aleatórios possibilitaram a superposição
dos trabalhos recebidos, constituindo, no seu complexo, um projeto
estocástico.
Não há, na montagem de todos esses trabalhos, qualquer
interferência pessoal, intencional. Assim, é especialmente
curioso - para dizer o mínimo - observar a sua construção:
ela foi feita por todos.
Dessa forma, este projeto também é uma celebração
de todos os que nele participam - sinal de diversos mundos interagindo,
num certo sentido como o fabuloso Musicircus de John Cage, de
1967. Afinal, O Fim do Mundo acontece exatamente 45 anos depois
do Musicircus de John.
A primeira realização do projeto O Fim do Mundo
acontece a partir do dia 21 de dezembro de 2012 pelo Streaming
Museum de Nova Iorque. Depois, outros desdobramentos poderão
acontecer. Mas, tudo é uma surpresa para todos nós. |